Juquinha
Outro dia eu estava voltando do trabalho para casa, devia ser umas 7:00h da noite, no ônibus 397 (Campo Grande – Tiradentes), no qual sempre acontece alguma situação inusitada. Aqui no Rio é muito comum os motoristas darem carona aos vendedores de doces ambulantes. Com o passar dos anos, cada um deles desenvolveu uma forma especial de vender, para sobressair à concorrência (putz, hoje em dia tem isso até para vender bala!). Costumam elaborar um texto, uma apresentação toda característica, apresentam seus produtos e alguns até distribuem amostras para todos os passageiros. Alguns deles partem para a criatividade, e a coisa acaba se tornando muito interessante.
Neste dia, entrou na condução um desses vendedores, oferecendo seus doces (balas, amendoim, jujuba e assemelhados). Muito bem humorado, caminhou até a frente do “cata-pobre”, se apresentando assim:
- Boa noite, senhoras e senhores. Eu sou um promotor de vendas (risada geral dos passageiros), me chamo “Juquinha” (nome de uma bala “das antigas”, muito famosa, e até hoje bastante consumida - ainda mais risadas...) e hoje vim trazer especialmente para vocês apenas produtos de qualidade (essa frase já é muito utilizada), como por exemplo essas deliciosas balas blá, blá, blá...
E lá foi o cara demonstrar as guloseimas para a galera. Eu havia anteriormente passado no mercado, e sempre que faço isso volto cheia de sacolas. Por isso, sentei-me bem próxima à porta de saída (parte traseira do ônibus), onde costumam se sentar os passageiros mais “bagunceiros”. A aparição do “Juquinha” virou um “evento”. Um engraçadinho, sentado no banco de trás, começou a chamá-lo a toda hora:
- Ô Juquinha, você tem bala Juquinha?
Ao que responde o Juquinha, bem humorado:
- Essa bala eu não vendo não, rsrs...
Um outro:
- Não??? Poxa, os caras já estavam querendo levar Juquinha pra casa...
Risada geral... E o Juquinha, divertindo-se junto.
- Ô Juquinha, quanto custa essa jujuba aí?
- Hoje está em “promoção especial”, são quatro por um Real.
- E esse negócio aí, quanto custa Juquinha?
E o Juquinha dava toda a atenção aos passageiros (que não paravam de sacanear), sempre sorrindo e brincando.
No final das contas, havia feito boas vendas. Quando finalmente desceu da condução, várias pessoas fizeram questão de se despedirem:
- Ué, já vai, Juquinha?
- Ta cedo ainda, Juquinha...
- Faltou a bala Juquinha, hein, Juquinha!
- Tchau, Juquinha!!! Vai com Deus!!!
A condução partiu. Mas o Juquinha não foi esquecido.
- Poxa, eu nem como doce. Só comprei por causa da simpatia do rapaz. Tem que ser assim, né? Isso é que é...
- Eu também não ia comprar. Mas o cara era tão legal que resolvi dar uma força...
- É... a pessoa tem que ser simpática mesmo. Já pensou se aparece um negão de dois metros de altura e fala “se não comprar, vou te enfiar a porrada!!!” ? Hahaha... eu falava: “meu irmão, compro até dez!”! Uahuahuahua...
- Ah, é? Ia ficar com medo do negão, é?
- Ah, fala sério! Vai dizer que se aparece o “Jucão” querendo te enfiar a porrada você não comprava? Kkkkk...
E assim ia se estendendo a conversa. Ri demais, rsrs...
Interessante ver como as pessoas gostam de ser bem tratadas, e valorizam isso. O brasileiro é naturalmente assim... espontâneo, brincalhão, interativo. Para que haja “troca”, é necessário ter bom-humor, boa vontade e jogo-de-cintura.
E o promotor de vendas Juquinha conquistou a clientela, saiu elogiado, deu uma lição de “bom atendimento”, e sem saber ainda ganhou um post neste humilde espaço.
E você? Já passou por alguma situação de bom (ou mau) atendimento?
Ou ainda, já passou por (ou esteve presente em) alguma situação dentro de uma condução?
Outro dia eu estava voltando do trabalho para casa, devia ser umas 7:00h da noite, no ônibus 397 (Campo Grande – Tiradentes), no qual sempre acontece alguma situação inusitada. Aqui no Rio é muito comum os motoristas darem carona aos vendedores de doces ambulantes. Com o passar dos anos, cada um deles desenvolveu uma forma especial de vender, para sobressair à concorrência (putz, hoje em dia tem isso até para vender bala!). Costumam elaborar um texto, uma apresentação toda característica, apresentam seus produtos e alguns até distribuem amostras para todos os passageiros. Alguns deles partem para a criatividade, e a coisa acaba se tornando muito interessante.
Neste dia, entrou na condução um desses vendedores, oferecendo seus doces (balas, amendoim, jujuba e assemelhados). Muito bem humorado, caminhou até a frente do “cata-pobre”, se apresentando assim:
- Boa noite, senhoras e senhores. Eu sou um promotor de vendas (risada geral dos passageiros), me chamo “Juquinha” (nome de uma bala “das antigas”, muito famosa, e até hoje bastante consumida - ainda mais risadas...) e hoje vim trazer especialmente para vocês apenas produtos de qualidade (essa frase já é muito utilizada), como por exemplo essas deliciosas balas blá, blá, blá...
E lá foi o cara demonstrar as guloseimas para a galera. Eu havia anteriormente passado no mercado, e sempre que faço isso volto cheia de sacolas. Por isso, sentei-me bem próxima à porta de saída (parte traseira do ônibus), onde costumam se sentar os passageiros mais “bagunceiros”. A aparição do “Juquinha” virou um “evento”. Um engraçadinho, sentado no banco de trás, começou a chamá-lo a toda hora:
- Ô Juquinha, você tem bala Juquinha?
Ao que responde o Juquinha, bem humorado:
- Essa bala eu não vendo não, rsrs...
Um outro:
- Não??? Poxa, os caras já estavam querendo levar Juquinha pra casa...
Risada geral... E o Juquinha, divertindo-se junto.
- Ô Juquinha, quanto custa essa jujuba aí?
- Hoje está em “promoção especial”, são quatro por um Real.
- E esse negócio aí, quanto custa Juquinha?
E o Juquinha dava toda a atenção aos passageiros (que não paravam de sacanear), sempre sorrindo e brincando.
No final das contas, havia feito boas vendas. Quando finalmente desceu da condução, várias pessoas fizeram questão de se despedirem:
- Ué, já vai, Juquinha?
- Ta cedo ainda, Juquinha...
- Faltou a bala Juquinha, hein, Juquinha!
- Tchau, Juquinha!!! Vai com Deus!!!
A condução partiu. Mas o Juquinha não foi esquecido.
- Poxa, eu nem como doce. Só comprei por causa da simpatia do rapaz. Tem que ser assim, né? Isso é que é...
- Eu também não ia comprar. Mas o cara era tão legal que resolvi dar uma força...
- É... a pessoa tem que ser simpática mesmo. Já pensou se aparece um negão de dois metros de altura e fala “se não comprar, vou te enfiar a porrada!!!” ? Hahaha... eu falava: “meu irmão, compro até dez!”! Uahuahuahua...
- Ah, é? Ia ficar com medo do negão, é?
- Ah, fala sério! Vai dizer que se aparece o “Jucão” querendo te enfiar a porrada você não comprava? Kkkkk...
E assim ia se estendendo a conversa. Ri demais, rsrs...
Interessante ver como as pessoas gostam de ser bem tratadas, e valorizam isso. O brasileiro é naturalmente assim... espontâneo, brincalhão, interativo. Para que haja “troca”, é necessário ter bom-humor, boa vontade e jogo-de-cintura.
E o promotor de vendas Juquinha conquistou a clientela, saiu elogiado, deu uma lição de “bom atendimento”, e sem saber ainda ganhou um post neste humilde espaço.
E você? Já passou por alguma situação de bom (ou mau) atendimento?
Ou ainda, já passou por (ou esteve presente em) alguma situação dentro de uma condução?
6 Comments:
Esse é o cara. Aliás eu sempre costumo dizer que os ambulantes são os melhores vendedores. São de uma criatividade incomparavel.
Rodrigo: Nossa, sempre nas conduções que eu pego tem algum, e estão sim, cada vez mais criativos. Tem dia que sai muita risada... Melhor pra nós, um pouquinho de alegria no final do dia é sempre bem-vinda, né!!!
Grande beijo!!!
A´té aki em BH o povo naum é tão criativo... a mesma ladainha decorada de sempre... aviso pro "juquinha" q ele teria clientela garantida em bh!!!
Se ele passasse por mim gritando "tounainternet, tounainternet" com o feirante com quem topou outro dia comigo, ia perder uns pontos.
Mas, sim, atendimento é tudo. Pra você ver que não é questão de educação, de diploma, nem de nada disso... é simplesmente QUERER.
Beijo em tu
*hahahahahahahahahahahaha*
Todos já passaram por situações inusitadas... eu já dei altos furos... mas lembrar de um agora... hum... quando eu lembrar, volto aqui e conto! ;)
Beijo!
O cara entrou no 383 e ofereceu chup chup de doce de leite. "sabe quanto custa cada um na Americanas?" Um passageiro gritou: 20 centavos. O camelô pensou um pouco, mexeu nos pacotes e refez seu preço na hora: "Pois na minha mão são 10 por um real!" Imagino que ele ia vender 5 por 1 real... Vendeu alguns pacotes, olhou pro trocador e mandou: "Sabe, trocador, tem gente que diz que não compra doce porque dá verme nas crianças. Vê se pode. Criança sem verme não é criança!" A risada foi geral e ele vendeu todos os pacotes.
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