Monday, January 15, 2007

Adoro escrever sobre a vida. Mas ela não é feita só de calmaria.
Então deu vontade de escrever sobre as coisas que não são ditas.
Pessoal? Impessoal?
Nem um nem outro...


Diário do Avesso - I


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Ao lado da Solidão


Ela está chegando, doce e sorrateira. Sinto sua presença. Posso vê-la na bela manhã ensolarada, dançando junto com o vento, por entre as árvores. Fria...

Ela tem um poder único, capaz de tornar o mundo exterior belo e feliz, usando como combustível a minha força interior, que vai se esvaindo. A energia acabou, mas ela não pára de consumi-la, não quer sair do meu lado. Diz que gosta da minha companhia.

Ela tem gosto de vinho, daqueles tintos, rascantes, que é bebido lentamente, desce queimando pela garganta e arde no estômago. A cabeça fica pesada, o raciocínio fica lento, os músculos desistem de sustentar o corpo. Minhas mãos estão pálidas, trêmulas, e posso sentir minha pulsação. Ela, a temida e doce companheira, tirou toda a minha alegria.

O silêncio retumba nos meus ouvidos. Tento ouvir música, mas estas me causam dor. Então ligo a tv... Fútil, é incapaz de me compreender. Não há palavra exterior que se dirija a mim. As que eu tinha para dizer estão presas. As lágrimas fazem força pra sair, e tentar contê-las está me dando dor de cabeça. Mas não é momento de chorar, porque o mundo sorri lá fora, e não quero deixar de ver a alegria estampada no rosto das pessoas. A felicidade alheia, mesmo quando não quer ser solidária, ainda é um raio de luz que posso ver entre as grades que me aprisionam.

“É só hoje, e isso passa
Só me deixe aqui quieto, isso passa...
Amanhã é outro dia,
Não é?”

Então tento dar um sorriso, mas não posso. A cabeça tinha de estar erguida! Maldita companheira que me enfraquece, nem mesmo consigo sustentar meu olhar no horizonte... Miro as pedras no chão, conforme ando. Elas não nos recriminam quando estamos tristes.

Durmo e acordo. Para o meu desesperado silêncio, absolutamente nada acontece.
Então vêm os erros. E o olhar reprovador. E os erros estão se multiplicando, e existe uma lente imensa sobre as minhas falhas. E vem o aperto no peito. E a alegria está cada vez mais distante... Está no outro continente, mas só tenho uma canoa para atravessar o oceano.

E se eu entrar na canoa? Será que perecerei no mar?
Quanto tempo terei que remar?

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Então eu entro e encaro o medo. Não tenho nada a perder. E descubro que remar faz com que este dia seja diferente do de ontem, quando nada acontecia. O meu movimento para atravessar o oceano faz uma coisa diferente nascer aqui dentro, algo que me impulsiona a chegar aonde quero.

Por mais distante que seja, por mais pedras que haja no caminho.
A dificuldade me desafia, e o desafio afasta a melancolia.
O bom da vida é a luta. É ela que nos traz à tona.

Vejam só! Já cheguei do outro lado, e nem percebi...

Quanto à minha doce companheira? Acabou ficando lá, no outro continente.


Resolvi deixá-la só.

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Existe uma nostalgia e uma poesia muito gostosa no texto, Amanda. Continue - estou gostando. Meu beijo.

7:21 AM  
Blogger Unknown said...

Oi Amanda.
Tudo bem?
Lindo texto...quisera ter inspiração assim da vida...
beijos

5:26 AM  
Blogger Gabriela Martinez said...

A solidão está sempre batendo à nossa porta. Cabe a cada um deixá-la entrar, convidá-la pra ficar, ou fingir que não há ninguém em casa. :)
bjosss

8:19 AM  

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